Hoje nosso post é mais que é especial. É um guia sobre casamento judaico e nele vamos falar dessa tradição religiosa cheia de significado e simbologia.
Vamos te contar sobre todas as etapas do casamento judaico, passo a passo de todos os rituais que antecedem o casamento, a cerimônia, os costumes e a festa judaica. Vale destacar que no judaísmo o casamento é algo muito, muito sagrado.
Quando deve ser realizado o casamento judaico?
Em qualquer época do ano, exceto em alguns períodos específicos. No Shabat (sábado judaico, que tem início ao por do sol da sexta-feira até o anoitecer do sábado) não é permitido. Apenas em seu término. Em datas religiosas como Rosh Hashaná (Ano Novo), Pessach (Páscoa), Iom Kipur (Dia da Expiação), entre outras, também não.
Além disso, em períodos tristes, como Tish´á Be Av (nono dia do mês judaico de Av), em que várias tragédias ocorreram, incluindo a destruição dos dois Grandes Templos de Jerusalém, não é possível realizar casamento.
Há um período de 49 dias (alguns podem se casar depois do 33º) entre Pessach (Páscoa) e Shavuot (Festividade de Entrega dos Dez Mandamentos), considerado um período de luto, no qual morreram 24 mil alunos do Rabi Akiva (que era analfabeto até os 40 anos de idade e depois se transformou em um dos líderes mais admirados da fé judaica), que também é proibida a realização de casamentos, ouvir música e ida a festas em geral.
O casamento precisa ser realizado em uma sinagoga?
O casamento pode ser realizado em qualquer lugar que os noivos desejarem. Nesse sentido, pode ser em uma sinagoga, no campo em um buffet e até mesmo na praia. Há também a possibilidade de um casamento ao ar livre no huppah, uma tenda onde acontecem a cerimônia religiosa.
Quais são os principais rituais de um casamento judaico?
O casamento judaico é repleto de rituais que devem ser seguidos à risca. Vamos a eles pela ordem de realização.
Antes do dia do casamento
Kabalat Panim
Como o nome diz, em hebraico a expressão significa “recepção”. Nesta etapa, os noivos recepcionam os convidados que os cumprimentam. Cada um o faz em um lugar do evento, sem que se encontrem – o que acontecerá apenas na cerimônia de casamento em si.
Faz parte da cultura religiosa judaica que os noivos fiquem separados, sem nenhum contato, por uma semana. Isso acontece para que ambos possam purificar-se para a união, seguindo as tradições judaicas cada um em sua casa.
Esse costume, que faz com que os noivos sintam saudades um do outro e faz com que o reencontro reluza, é muito comum entre os judeus ortodoxos. Existem casais que ficam sem se ver somente no dia do casamento. E está tudo bem. Afinal, os tempos vão mudando.
Ao final do Kabalat Panim, o noivo vai até a sua amada, que está com seus pais e cobre seu rosto com um véu de noiva.
Durante o Kabalat Panim, as mulheres ficam de um lado da cerimônia religiosa e os homens do outro. Somente na festa de casamento é que todos se juntam. Em cerimônias ortodoxas, homens e mulheres, mesmo na festa, continuam separados.
No dia do casamento judaico
Nesse dia o casal jejua ao nascer do sol e segue-se assim até o final da cerimônia. Segundo o judaísmo, essa tradição simboliza a purificação do corpo e da alma.
Ketubá
O primeiro ritual do casamento judaico é a assinatura do contrato matrimonial, que se chama Ketubá. Nele, o rabino é a primeira pessoa a assinar o documento.
No contrato estão determinadas responsabilidades mútuas do casal. Esse ritual é restrito aos noivos e duas testemunhas (não familiares dos noivos) e acontece alguns instantes antes da cerimônia de casamento judaico.
Troca de presentes no casamento judaico
A noiva entrega para o noivo o Talit, um manto sagrado de oração (geralmente confeccionado em lã). Ele simboliza a separação do homem do mundo físico e o conecta ao mundo espiritual. E o noivo entrega para a noiva um par de castiçais para que ela os use no acendimento das velas de Shabat (sábado) e feriados religiosos judaicos.
No momento da troca de presentes de casamento o casal mentaliza as leis de Deus e suas responsabilidades a partir daquele momento.
A cerimônia de casamento judaico
Diferentemente dos casamentos tradicionais, no casamento judaico os pais levam os noivos à Chupá, o altar judaico (que simboliza o passado, presente e futuro, e representa o novo lar do casal), carregando velas acesas. O primeiro a entrar com os pais é o noivo e na sequência a noiva.
Na Chupá, os pais da noiva e a noiva dão sete voltas ao redor do noivo. Esse ritual simboliza os sete dias de criação do mundo.
Kidushim
O rabino recita duas bênçãos para os noivos com taça de vinho em agradecimento a Deus pela união do casal. Este momento do casamento judaico é o Kidushim (consagração do casamento). A seguir, os noivos são servidos com duas taças de vinho, que representa a união do casal.
Troca das alianças
Na troca das alianças o noivo tira o véu da noiva, ambos bebem um pouco do vinho e o noivo coloca a aliança (sempre lisa e em ouro) no dedo indicador da noiva e recita a seguinte frase: “com este anel és consagrada a mim, de acordo com as leis de Moises e Israel”.
Eis que a noiva responde: “eu pertenço ao meu amado e o meu amado me pertence”. Em seguida o rabino lê a Ketubá e profere a Sheva Brachot (sete bênçãos) para o casal.
Ao final da cerimônia de casamento judaico o noivo quebra a taça com o pé. Isso simboliza a lembrança da destruição do Templo Sagrado. O ato demonstra que, mesmo em momentos felizes, não podemos nos esquecer das passagens tristes que ocorrem ao longo de nossa vida. E representa o final da cerimônia de casamento judaico e o inicio da festa de casamento.
Curiosidade
Durante a cerimônia de casamento judaico, os noivos não carregam nenhum bem, nem mesmo joia e relógio. Esse costume representa o desprendimento material.
Por fim, todos os convidados do casamento judaico dizem em uma só voz: Mazal Tov (boa sorte) e a cerimônia de casamento judaico é encerrada com música judaica bastante animada. Em alguns casamentos ortodoxos, enquanto os noivos percorrem o corredor de saída, amigos do casal, homens, dançam animadamente à sua frente.
É um momento extremamente animado e feliz aos noivos e a todos os presentes.
A festa do casamento judaico
Só quem já esteve em um casamento judaico (como nós) sabe quão animados eles são nas festas. É muita alegria, é muito amor, é festa, é celebração! Existe um mandamento bíblico o qual diz que os convidados devem alegrar-se e alegrar muito os noivos.
Buffet Kasher
A tradição do casamento judaico na gastronomia é extremamente rigorosa em relação à dieta judaica, de acordo com os preceitos bíblicos. Tudo que é preparado passa por um processo super rígido de supervisão, análise e limpeza que geralmente é feita por um rabino e seu assistente.
Isso vale para louças e pratarias utilizadas no evento. Todos os equipamentos são esterilizados por maçarico e somente os homens pode acender o fogo. Nenhum utensílio pode misturar carne com leite e seus derivados.
O que é a dieta judaica?
É proibido misturar alimentos como carne com leite e derivados tanto na preparação, quanto no armazenamento ou até mesmo consumo. Isso faz parte das tradições e leis judaicas. Além disso, é proibido ao judeu comer carne de animais que não sejam ruminantes e também tenham o casco fendido.
Segundo a Torá (bíblia), as duas características devem aparecer de forma concomitante. Por isso, é proibido carne de porco, por exemplo, já que este animal, apesar de ter casco fendido, não é ruminante. Há inúmeras regras para cada tipo de alimento.
E para que nada saia do controle, sempre existe um mashguiach (judeu observante, ligado a um rabino, cuja responsabilidade é checar minuciosamente tudo e zelar para a Kashrut – que tudo esteja de acordo com as determinações da alimentação Kasher) e o rabino. Ambos são responsáveis por verificar a origem dos produtos e dos processos na cozinha na preparação a manipulação de todos os alimentos até chegar à mesa dos convidados.
Alimentos proibidos: Carne de porco, frutos do mar, exceto peixe com escamas, coelho, cavalo e camelo, entre outros.
As músicas da festa de casamento judaico
A playlist das músicas da festa do casamento judaico é selecionada sempre com melodias relacionadas a simbolismos e bênçãos da cultura judaica.
Todo casamento judaico tem a famosa e divertidíssima dança israelita, quando os convidados levantam ao alto as cadeiras dos noivos e todos celebram o Grande Dia do casal.
As alianças de um casal judeu
As alianças de casamento por si só já simbolizam a união e o amor. No casamento judaico a aliança representa a união eterna, a confiança e a lealdade por toda a vida.
Para os judeus a aliança deve ser confecciona em ouro, ser simples e fina. Nada daquelas texturas e pedrarias que os casais não judeus amam.
Quais são as vestimentas tradicionais em um casamento judaico?
No casamento judaico existem algumas regrinhas que precisam ser respeitas pelas noivas, por exemplo, o vestido de noiva tem que ser branco, não pode ter decote, não pode ser tomara que caia. Ele tem de demonstrar compostura.
Para o terno de casamento não há qualquer restrição. Portanto, a roupa do noivo para o casamento judaico pode ser de qualquer tonalidade. No entanto, o noivo usa o kittel (túnica branca) que simboliza pureza e renovação espiritual e o kipá, um pequeno chapéu que todos os homens, judeus ou não, devem usar durante a cerimônia de casamento judaico.
A Kipá ou solidéu, em português, significa o respeito e temor a Deus.
Vestimentas para convidados e pais dos noivos
Os convidados de um casamento judaico podem usar vestidos e ternos em tons neutros e leves, embora, isso possa mudar de acordo com a tradição familiar.
Já os pais dos noivos, padrinhos e demoiselles (damas de honra adultas), geralmente, se vestem de maneira modesta e elegante, com o objetivo de honrar a cerimônia. Entretanto, na tradição ortodoxa, as mulheres da família e convidadas costumam vestir roupas que cobrem os ombros e joelhos.
Decoração de casamento judaico
A decoração de casamento judaico segue da mesma forma que os casamentos tradicionais de outras religiões, porém sempre respeitando a proposta e significado da Chupá (tenda sob a qual é realizada a cerimônia e que abriga os noivos, os rabinos e seus familiares), ou seja, com as laterais sempre abertas.
Vale destacar que a decoração do casamento judaico pode seguir a mesma decoração da Chupá ou, pelo menos, estar em harmonia com ela. A paleta de cores do casamento judaico é livre, ou seja, o casal pode escolher os tons que se encaixam perfeitamente com a proposta e o espaço do casamento de forma harmoniosa.
Mesa de bolo e doces
A gente sempre ressalta aqui no blog o quanto a mesa de bolo e doces é o ponto alto da decoração do casamento e o quanto os convidados dizem “Óoohhh quando veem uma mesa linda”.
Invista em arranjos de flores e folhagens para dar aquele toque sofisticado à decoração. Não se esqueça de que todo o casamento judaico precisa ter a personalidade dos noivos, além da harmonia entre elementos escolhidos com a paleta do evento.
Aliás, você pode contar com o time de decoradores incríveis! Com toda a expertise, esses profissionais traduzem a ideia do casal em elementos, cores e cantinhos lindos e cheios de personalidade. Ficou curiosa em conhecer? Clique aqui e vá direto para o nosso guia de fornecedores.
Convite para casamento judaico
Geralmente o convite de casamento judaico é mais tradicional tanto na papelaria, quanto no texto. Há casais que optam por inserir a Estrela de David. As cores do convite de casamento são as da paleta do evento.
Ah, não se esqueça do RSVP. Ele é uma ferramenta super importante para a confirmação de presença dos convidados.
Lembrancinhas para casamento judaico
A escolha das lembrancinhas de casamento judaico também é livre. O único cuidado que o casal deve ter é se a lembrancinha for comestível. Daí ela deve ser Kasher.
No mais, tudo liberado. Basta seguir o estilo e a proposta do casamento e se inspirar em ideias incríveis.
Tradições e curiosidades do casamento judaico
- Na semana que antecede o casamento os noivos não se veem;
- Dois dias antes do casamento a noiva vai à sinagoga e toma um banho que simboliza a purificação, mergulhando em um mikve (uma espécie de piscina pequena com água natural);
- O noivo geralmente também mergulha na água de purificação (mikve) no dia do casamento;
- Durante o noivado judaico as mães dos noivos quebram um prato de porcelana cujo símbolo é que um noivado deve ser muito bem cuidado para que não se quebre já que, assim como a porcelana do prato, depois de quebrada nunca volta a ser como antes;
- Jejum dos noivos no dia do casamento;
- Os noivos trocam presentes;
- A noiva entra com o rosto descoberto e no altar o noivo cobre seu rosto com o véu;
- Le Chaim (À Vida) é o nome dado ao brinde de comemoração;
- Mazal Tov (Boa Sorte) é o que se deseja ao casal.
Assessoria especializada em casamentos judaicos
A Te Vejo no Altar, liderada por Vanessa Lopes, é especializada em casamentos judaicos, valorizando a singularidade de cada união. Com 11 anos de experiência, Vanessa, formada em Marketing e Eventos, nutre uma paixão pelo Judaísmo.
Sua equipe é comprometida com a essência do amor e cuida de todos os detalhes, desde a escolha do local até a decoração, com atenção aos detalhes garantindo uma celebração impecável.
A missão da Te Vejo no Altar é permitir que os casais desfrutem plenamente do seu grande dia, transformando-o em um momento único e especial.
Perguntas frequentes
É proibido misturar alimentos como carne com leite e derivados tanto na preparação, quanto no armazenamento ou até mesmo consumo. Isso faz parte das tradições e leis judaicas. Além disso, é proibido ao judeu comer carne de animais que não sejam ruminantes e também tenham o casco fendido.
Segundo a Torá (bíblia), as duas características devem aparecer de forma concomitante. Por isso, é proibido carne de porco, por exemplo, já que este animal, apesar de ter casco fendido, não é ruminante. Há inúmeras regras para cada tipo de alimento.
E para que nada saia do controle, sempre existe um mashguiach (judeu observante, ligado a um rabino, cuja responsabilidade é checar minuciosamente tudo e zelar para a Kashrut – que tudo esteja de acordo com as determinações da alimentação Kasher) e o rabino. Ambos são responsáveis por verificar a origem dos produtos e dos processos na cozinha na preparação a manipulação de todos os alimentos até chegar à mesa dos convidados.
Em qualquer época do ano, exceto em alguns períodos específicos. No Shabat (sábado judaico, que tem início ao por do sol da sexta-feira até o anoitecer do sábado) não é permitido. Apenas em seu término. Em datas religiosas como Rosh Hashaná (Ano Novo), Pessach (Páscoa), Iom Kipur (Dia da Expiação), entre outras, também não.
Além disso, em períodos tristes, como Tish´á Be Av (nono dia do mês judaico de Av), em que várias tragédias ocorreram, incluindo a destruição dos dois Grandes Templos de Jerusalém, não é possível realizar casamento. Há um período de 49 dias (alguns podem se casar depois do 33º) entre Pessach (Páscoa) e Shavuot (Festividade de Entrega dos Dez Mandamentos), considerado um período de luto, no qual morreram 24 mil alunos do Rabi Akiva (que era analfabeto até os 40 anos de idade e depois se transformou em um dos líderes mais admirados da fé judaica), que também é proibida a realização de casamentos, ouvir música e ida a festas em geral.
Em qualquer lugar que os noivos desejarem, seja em uma sinagoga, no campo em um buffet e até mesmo na praia.