Enfim…Casados!
Do pedido de casamento ao grande dia a palavra de ordem é “Casamento” no mundo das noivas (sim, esse é um mundo só delas onde os noivos, na maioria das vezes, são apenas convidados especiais). Desde então, as atenções e olhares estão nas tendências, paletas de cores, nas texturas, sabores, provas, reuniões e mais reuniões, escolhas, “controla esse orçamento” (olha a participação especial do noivo aí! rsrs).
Os meses correm, a tão sonhada data vai se aproximando e as expectativas aumentando. Checklist a todo vapor, afinal tudo tem que estar perfeito! Últimos detalhes acertados e eis que enfim chega o grande dia. Uma sensação maravilhosa de prazer, de euforia e bem-estar emana dela e sobre ela nesse dia tão sonhado! Cada escolha feita durante o planejamento agora tem forma, cor, laços e está no seu devido lugar. Todos ocupam suas respectivas funções enquanto ela, a protagonista desse dia, cabe a tarefa de ser a “noiva mais bela” para o seu amado.
Show time!!! Batimentos cardíacos acelerados, o riso nervoso e feliz, mãos um pouco trêmulas, friozinho na barriga e concentração total no momento em que a música anuncia: “Lá vem a noiva!!!” Seus passos são firmes mas ao mesmo tempo de uma leveza aos olhos de todos, e é até possível ouvir o sussurrar dos pensamentos dos convidados exclamarem: “ela está linda de noiva!” A emoção então toma conta de todo o ambiente. O brilho no olhar confunde-se com lágrimas que teimam em querer borrar a perfeita maquiagem, mas ela controla a sua emoção, e sorrindo continua seguindo rumo ao altar. Lá à sua espera está àquele a quem escolheu para seu parceiro de toda a vida, o companheiro dos momentos de lutas e vitórias. Lá estão as mãos que entrelaçarão as suas e superarão as marcas que o tempo há de trazer.
Alianças trocadas, o primeiro beijo de casados, brindes, flashes, abraços, lágrimas e sorrisos transmitem toda felicidade ao casal! Mas, e depois do cessar da música, do apagar das luzes, do adeus dos convidados, o que fica?
Por mais estranho que possa parecer esta pergunta (ainda mais após o relato de uma história de “casamento” tão bonita, contada lá no início desse post), é exatamente o questionamento que muitos casais se fazem, ainda que para si mesmos, nos primeiros meses de convivência mútua. “- Onde está aquele brilho no olhar ao me encontrar no altar?” “- Por que não conversamos mais como antes? Não temos mais assuntos em comum?” ou ainda algumas observações de mudança no comportamento “- Ele não me elogia mais…” “- Ela só sabe cobrar e reclamar…”
Essas pequenas constatações, as vezes acompanhadas até de pequenas discussões, levam ao casal à um outro questionamento: “Será que fiz a escolha certa?” E alguns comentários sarcásticos do tipo “- Casa só pra vê o que é bom!”, estão agora sempre em pauta nas reuniõezinhas entre amigos e familiares. Mas por que isso acontece após o casamento? O que mudou da fase de namorado para casado?
Acredito que a pergunta certa à ser feita seria: “Por que não conversamos sobre isso antes de casar?” Discutimos sobre as responsabilidades de cada um na nova fase? Definimos juntos quais as rotinas na nova casa? Acordamos sobre o que manteríamos ou abriríamos mão de nossas “vidas de solteiros” para a vida de casados? Como resolveremos os eventuais desconfortos que naturalmente irão surgir na vida de casados? Esses “detalhes”, com certeza não fazem parte de nenhum checklist de casamento, porque todo o planejamento, conversa, acordo fora única e exclusivamente sobre a “FESTA de casamento” e não sobre o ato em si.
O casamento vai muito mais além do “sim” no altar, da aliança no anelar esquerdo ou das recordações agora presentes no álbum de fotografias. Casamento é viver por dois, é compartilhar novos sonhos, enfrentar os problemas encontrando soluções que sejam adequadas para o casal. Casar não é querer que o outro mude para ser do jeito que você acredita ser bom para que a relação dê certo, e sim aprender a conviver e respeitar o outro com uma personalidade que é diferente da sua. É saber ajustar um ao outro, dando o perfeito encaixe do quebra cabeças que é o casamento.
Conviver com outra pessoa pode ser um desafio difícil mas não impossível. É da natureza humana o instinto de viver em família, de buscar o outro para completar o sentido da sua vida, de ser e ter uma “testemunha” para sua história. Ninguém se casa buscando o individualismo ou uma separação mais a frente. O sonho do “felizes para sempre” não deve ser um modelo pronto trazido de romances ou mesmo de outros casais para a sua vivência. E sim ser construído pelo casal a partir das experiências que essa nova fase traz para suas vidas. Para tanto é importante refletir sobre os fatos ocorridos, dialogar sempre, ajustar o que for necessário, e mesmo assim não há garantias de sucesso, ora haverão acertos, mas ora também os erros.
E lembre-se: a culpa dos problemas de relacionamento conjugal não está na “instituição casamento”, até porque ela é formada por pessoas e não coisas que ao apresentarem os primeiros sinais de defeito, podem ser descartadas ou substituídas por uma nova.
Texto: Renata Souza
Fotos: The Kreulichs