Ícone do site Lápis de Noiva

Amamentação – Bênçãos x Dificuldades

Quando decidimos que queremos ser mãe sabemos que o desafio é enorme e que tudo irá mudar. As mamães que planejaram a maternidade pensaram muito antes e tentaram ao máximo “organizar a vida” para receber um novo membro na família. Que será difícil todas sabem, mas é sempre uma caixinha de surpresas. Algumas mães encaram o parto de forma tranquila, outras passam meses sem dormir, algumas encontram dificuldades em criar rotina, algumas sofrem crise no relacionamento a dois… enfim! Cada uma tem uma experiência diferente, mas a amamentação é um “gigante” para quase todas as mamães.

Um sonho meu: amamentar. Durante a gravidez um item que sempre estava nas orações especiais era a amamentação. Queria poder ter o privilégio de alimentar a minha filha, nutri-la e criar esse laço tão especial entre mãe e bebê.

amamentação_lapisdemae_008

Ainda não contei aqui o meu relato de parto. Está na listinha de futuros posts, mas só para adiantar, foi cesárea não eletiva. Minutos antes da cirurgia, eu, morrendo de medo, pensava na saúde da Bela e em segundo lugar, pensava na amamentação. Se conseguiria, se teria leite suficiente. Passava tanta coisa na minha cabeça…

Quando ela nasceu, veio para o meu ladinho e foi feita a primeira tentativa e a sensação que deu foi: “a Isabela não faz ideia que isso é um seio e que ela deve sugar”. Tentei não ficar aflita. Sabia que o fato de ter sido uma cesárea, ela não estaria pronta de imediato. No quarto, a segunda tentativa também foi desastrosa. Tinha um monte de gente lá, eu não podia mover o tronco completamente ainda devido à anestesia e eu resolvi manter a calma e ter paciência.

Quando todos se foram e éramos nós 3, a Isabela tão pequenininha e frágil, de forma delicada e calma mamou e foi um dos momentos mais especiais da minha vida. Mais um para guardar na “caixinha”.

Os 2 dias de hospital foram tranquilos. As enfermeiras da maternidade me ajudaram nas primeiras vezes, eu tinha bastante colostro e a pega da Isabela estava relativamente boa. Tinha que dar uma forcinha, mas eu sabia que ela iria aprender rapidinho. Como ela nasceu de baixo peso, tínhamos que controlar os horários das mamadas.

Até então, amamentar não era completamente natural. A posição na poltrona ou na cama, onde apoiar o braço, ajustar a pega… Hoje é tão automático, prático e fácil! Mas, ninguém nasce sabendo, não é mesmo? Na sexta-feira (dois dias após o nascimento), no carro a caminho de casa, senti uma quentura nos seios, mas o leite desceu mesmo no sábado. Coisa mais milagrosa isso, o nosso corpo é perfeito e amamentar é uma das mais lindas criações de Deus. Tudo o que a Bela precisava estava ali.

Mas, o corpo precisa se adaptar e criar mecanismos. Difícil é ter paciência e passar pela fase de mudanças. A pele sensível que começa a rachar, muita produção x pouca demanda… No domingo ambos os seios estavam empedrados. Lembro que na madrugada anterior uma amiga minha, enfermeira e mãe, me ajudou (pelo celular mesmo) e me instruiu nos movimentos para “desempedrar”. O meu peito, que nem cresceu muito durante a gravidez, dobrou de tamanho e ficou tão duro que era difícil da bebê conseguir abocanhar. Foram alguns momentos de agonia.

A minha salvação foram as massagens e a bombinha elétrica. Antes de amamentar eu tirava um pouco de leite, assim a Isabela tinha mais facilidade e já mamava um leite mais gorduroso (ela precisa ganhar peso). 2 amigas vieram até a minha casa e me ajudaram muito. Foi muito importante e essencial. Embora a minha mãe estivesse comigo, ela não conseguia ajudar muito (na parte mais técnica). A maternidade tem disso, mesmo tendo amamentado exclusivamente duas filhas, a parte difícil ela não lembrava! Isso não é incrível? Nossa mente não guarda a dor! Perguntei assim: “mãe, mas como fazia quando o seu peito enchia demais?”, ela, simplesmente respondeu: “Ah! Lorena! Na minha época era diferente! Eu dava de mamar para outras crianças da vizinhança!” rs… Tipo banco de leite!

Fiquei pensando um dia desses que eu deveria ter lido mais sobre a amamentação e ter conhecido mais o funcionamento, como é o meu corpo, em vez de ficar em sites de roupinha e vendo as coisinhas pro quarto quase todo o tempo. Claro que só na hora do “vamu vê” que a gente aprende mesmo, mas teria feito diferença um pouco mais de instrução. Talvez essa seja a dica para as futuras mamães: estudar, perguntar para outras mães, se conhecer.

Ao mesmo tempo que amamentar é lindo, tem um lado não tão romântico assim. Cheiro de leite “full time”, os sutiãs nada bonitos, leite que vaza (e que muitas vezes pega a gente de surpresa), incômodo para dormir, as dores e rachaduras… Para vocês terem ideia, eu senti dor na hora de amamentar por mais de 30 dias! Sempre tinha um dos bicos com fissuras e aquela sensação de “ver estrelas” fazia parte do dia e da noite! Sem contar que os hormônios estão bem alterados, dificultando ainda mais.

Eu não estou contando tudo isso para desanimar as mamães. Mas, acho legal contar a minha experiência por completo. Foi difícil? Sim! Mas se senti abençoada e ainda me sinto.

O que funcionou para mim:

– Amamentação em livre demanda: depois que a Bela começou a ganhar peso eu tentei implantar um sistema regradinho com horários. Não funcionou porque quem decide a hora da fome é ela e não eu. Isso só ficou claro para mim depois que ela nasceu, no nosso dia a dia. Mamar fazia e faz tão bem para ela! Na verdade, faz bem para nós duas. E tem mais, quanto mais ela mama, maior a produção de leite.
– Nada de relógios: sem contar o tempo de cada mamada. A primeira pediatra bateu o martelo: 20 minutos! O segundo também bateu o martelo: 5 minutos. Se nem eles se entendem, que dirá nós. Resolvi deixa a Bela escolher o tempo de cada mamada. Algumas duravam 10 minutos, outras 40!
– Peitinho da mamãe exclusivo até os 6 meses: na última consulta o pediatra da Bela sugeriu suquinhos. Ele disse que bebês amam descobrir o mundo. Poxa, mas ela vai ter a vida inteira para descobrir o mundo! Deixa aqui até os 6 meses, por favor! rs

Antes de completar 2 meses a produção diminuiu um pouco. Quanta agonia ouvir o chorinho de fome. Orei muito e chorei também! Caprichei na alimentação, bebi muita água, tentei diminuir o ritmo de afazeres no blog (eu não tive licença maternidade rs) e ficar mais calma. Amamentar está muito ligado ao nosso psicológico. Atualmente a produção ainda varia. Tem semanas que tenho bastante leite, outras menos, e assim vai…

Eu não sei como está sendo a sua experiência ou como será. Talvez esteja enfrentando muitas dificuldades, e para ser sincera, é difícil e muito delicado opinar. Cada um sabe o seu limite, até onde consegue ir, mas para mim, amamentar é um dos maiores presentes que a vida proporcionou. Me perguntam até quando eu quero amamentar e a resposta é: “até quando for bom para a Bela e para mim! Nós vamos saber a hora.”

Um beijo e um abraço bem apertado em cada mamãe.
Nós somos incríveis! rs

Sair da versão mobile